terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Mestiça do sertão (A Gabriela, sem cravo e sem canela)

Começo aqui a história
Nessa terra de cor vermelha que
Parece refletir o sangue que foi derramado.
 
Na porção mais linda do litoral
O Porto que ancoraste a revolução, seguro.
Início da América portuguesa.

Bahia de 500 anos
Sinhazinha, Feitor, Doutorzinho.
Linguagem diferente, mas que
Já traduzia a hierarquia da sociedade.

A Ignorância ditava as leis
O conjunto ingênuo assentia.


Um povo, Erguido na escravidão
Libertados por honra.

Quando no ápice de justiça
Izabel, querida, assinou.
Eis que surge a nova era.
E toda estupidez vira papel, história.

Recordação nas linhas das poesias
De Castro e de todos os outros que não
Deixaram reprimidas suas vozes.
Heróis de todo uma nação.
Que segue firme
Nas lendas Jorge, o amado.
O moço bonito de Gabriela
Os dois maridos de dona flor.
Ô Tieta do agreste.

Nas melodias de Caetano e Gilberto
Debaixo da cabeleira de Gal.
Bethânia! Oh Bethânia!
Caymmi de Durval e Aurelina.
João Ubaldo, ô grande.
Brown, cacique.
Raul, eterno.
Dinho, imortal.
Oh “velhos” baianos.

No “Tabuleiro da baiana”
Muita história
Vestígios de uma cultura
Que transparecida ficou
Não sumiu,se modificou.


Somos de todos os santos
E de todas as crenças.

Muito tempero nessa massa homogênea
Que o Português pisou.
Regado a requinte e dendê.
Nossa moda.

Os olhares mestiços
São museus, que a cada flash
Reflete nossa realidade.

Onde antes foi trilha, asfalto.
Onde foi Porto, Hotel.
Água de Coco, coquetel.

Na Bahia antes: Cacau
Hoje carnaval.

Tudo era riqueza, agora incerteza.
A estiagem espelha o cinza da caatinga
Folhas secas caem ao chão,
E a terra despedaça nas mãos

Mandacarus e juazeiros
Não secam ao sol, sobreviventes.

"Interprete - me da maneira que me vê:
Se comum, a menina do sertão, com cheiro de canela.
Se estranha, a artista do cravo, a Gabriela."



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